Tá aí
um assunto que dá sempre pano pra manga. Mães que querem amamentar e não podem, que têm litros de leite e nem pensam em amamentar, bebês que não conseguem
sugar ou rejeitam o peito, mulheres que acabam sendo “forçadas” a deixar de
amamentar por conta da volta ao trabalho. Cada uma tem sua realidade e sua
opção, não estou aqui para julgar, palpitar nem criticar ninguém. Tenho certeza
de que cada mãe tem sua história para contar e hoje eu vou contar a minha.
Acredito
ser uma pessoa bem informada. Leio muito, de tudo um pouco. Livros, revistas,
jornais, portais de notícias, os assuntos mais variados. Sou assim desde muito
nova. Por conta disso, quando me descobri grávida tinha uma boa bagagem sobre
gestação, bebês, amamentação. Não bastando isso, li muitos sites, blogs, livros
e revistas direcionados a gestantes e mães desde o comecinho da gravidez. Só
que nada do que eu li, nenhuma informação acumulada me preparou para o momento
da amamentação.
O
João nasceu às 3:00h da manhã. Ainda na sala de parto eu pedi para colocá-lo no
peito. Sabia que ele não ia mamar, mas sabia o quanto era importante que ele
tivesse esse contato e já fizesse a primeira tentativa da pega durante a
primeira hora de vida. A neonatologista de plantão não deixou. E aqui é
importante ressaltar que o João nasceu em excelentes condições de saúde, com
plenas funções vitais. Teve notas 9 e 10 no teste de Apgar. Só recebi meu bebê
no apartamento às 9:00h da manhã, depois de mais de duas horas pedindo para
que o levassem até mim. A sensação de impotência nesse momento foi frustrante,
eu não tinha autonomia nenhuma sobre o bebê que eu gestei durante nove meses e
acabara de dar à luz. A enfermeira que o levou e tinha por missão me ajudar a
amamentar e ajudá-lo com esse primeiro contato me machucou e me deixou tão
nervosa que saiu tudo errado. Resultado: logo após a primeira mamada, mamilo
rachado e sangrando. Nesse momento eu fiquei arrasada! Como podia algo tão natural
e instintivo simplesmente não funcionar? Achei que eu não fosse dar conta do
recado, que não conseguiria suprir as necessidades do meu filho. Passou de tudo
pela minha cabeça nessa hora.
Mas
fui persistente e segui tentando. Foi muito difícil! Como ele nasceu de
madrugada – minha bolsa rompeu às 23:00h da véspera – eu já havia passado a
noite toda acordada. O cansaço era enorme, a ansiedade também e a tensão em
fazer dar certo maior ainda. Isso persistiu durante os três dias na
maternidade. Na saída recebi a visita de uma enfermeira do banco de leite que
me tranquilizou um pouco e marcou uma consulta para três dias depois.
Chegando
em casa, ambiente conhecido, tranqüilidade, sem entra e sai de enfermeiras, achei
que seria mais fácil. Ledo engano! Eu não conseguia encontrar posição nem
local, ele passava tempo demais no peito – chegou a ficar por uma hora e querer
de novo uma hora depois! – e tudo isso foi me deixando ainda mais nervosa. Sem
contar que eu não tinha assimilado, mesmo com todas as informações, que amamentar
dói. Dói muito no início! Era uma dor enlouquecedora.
Na
terça-feira voltei ao banco de leite da maternidade e foi um susto quando a
enfermeira, após pesá-lo, me disse que ele havia perdido mais peso. Entrei em
pânico. Nesse momento pensei em desistir. Passei o dia estressada – o que só
atrapalha - e na manhã seguinte liguei para a pediatra antes mesmo da primeira
consulta para saber o que fazer. Antecipamos a consulta e foi aí que eu comecei
a me tranquilizar pois percebi que eu não estava fazendo nada de errado, que
não era só eu que passava por tudo isso e que era normal o bebê perder peso até
o décimo dia de vida.
Aos poucos
tudo foi entrando nos eixos, a dor foi passando, o João e eu nos entendemos. Encontrei
o local e a posição ideal para amamentá-lo.
Na consulta de um mês ele já havia
ganhado peso e crescido dois centímetros.
Mas tenho
certeza de que só não desisti porque eu queria muito amamentá-lo. Mas foi por muito pouco que não desisti.
Depois de duas ou três semanas eu já não sentia mais
dor. Hoje eu o amamento em qualquer lugar – no sofá da sala, na minha cama, no
quartinho dele. Como tudo na vida, amamentar requer prática e experiência. Com o
tempo vai ficando mais fácil. Espero poder mantê-lo exclusivamente no
aleitamento materno até os seis meses de idade.
Gostaria muito que tivessem me dito durante a gestação: que seria difícil, mas não
impossível. Que ia doer. E que quanto mais informação eu tivesse sobre o
assunto, melhor.

Fica
a dica para as futuras mamães!
Quem
aí teve uma experiência diferente dessa? Divide com a
gente!
Imagem: Reprodução